Como uma lenda, surge uma cidade.
Assim é Lagoa de Dentro. Uma cidade pacata de costumes corriqueiros. Um lugar
bom de se viver e de pessoas bem receptivas.
Não tem como passar por aqui e não
se encantar com a beleza da lagoa, principal cartão postal do município. Pela
manhã as garças emitem toda sua elegância aos moradores que acordam cedo e
podem desfrutar dessa bela imagem: o azul das águas e o branco das garças se
misturando com as nuvens do céu!
Ainda, de bônus temos a chaminé da
antiga cerâmica, que imponente se impõe à beira da lagoa e já se tornou um
marco neste cenário urbano podendo ser tombada pelo patrimônio municipal
formando um par da beleza que silenciosa caracteriza a cidade.
No decorrer das ruas, praças,
igrejas, pode-se ver as pessoas conversando, trocando ideias e fazendo a cidade
se movimentar. Durante o dia ou à noite a juventude se reúne nas praças e ficam
a conversar, interagir virtualmente com colegas e a se comunicar com o mundo.
Paqueram, namoram, fazem algazarra e escrevem o roteiro principal da história
desta comunidade. A criançada brinca, corre, fazem peripécias. Os adultos
sentam nas calçadas, nas esquinas, e nas praças, dançam cirandas, forró, baião
e mostram muita energia guardada de sua época de juventude.
Além da lagoa e da chaminé alguns
pontos e edifícios chamam a atenção dos moradores, dos visitantes e dos que
passam pela cidade a trabalho ou de viagem pelas rodovias que interligam os municípios
vizinhos, a exemplo do prédio da Igreja Matriz
de São de Sebastião, padroeiro do município; a praça XV de Novembro que
corta a principal avenida da cidade ligando as ruas do Comércio e São
Sebastião; A Igreja Assembleia de Deus, o casario antigo como a antiga Vila
Vicentina, como era conhecida a época da emancipação do município, antes
distrito de Caiçara, a casa do ex-prefeito Acrísio Vieira, a de seu Artur, a de
Seu Benedito Pereira; alguns prédios públicos a exemplo do Mercado Público
Municipal, O Hospital Frei Damião, a Câmara e a Prefeitura Municipal. E a
Açudene, um lagedo com tanques naturais que compõem um belo cenário natural que
serve de pano de fundo para os que ousam se fotografar por lá.
A cultura popular é riquíssima. Vai
do religioso ao profano, do caipira ao elegante. Nas festas de rua um desfile
de roupas de grifes se mistura a simplicidade das “sandálias japonesas”, como
diziam os mais antigos. A Festa do Padroeiro, com quermesse, procissão,
alvorada, cavalgada, cantos e encantos. As festividades juninas com quadrilhas
tradicionais e estilizadas, trios Pé de Serra e Forró Elétrico, chitas e
comidas típicas, a Festa de Emancipação Política, os Cultos Evangélicos e a
tradicional raiz africana presente nos terreiros de umbanda que permeia a
religiosidade popular desse povo simples e de fé.
A zona rural tem seus encantos: as
águas, as frutas, os animais, as pedras. O sentimento das pessoas, as emoções,
os apegos, as raízes. Os que vão e os que voltam e que escrevem aqui suas
estórias, histórias, versos e prosas, causos e casos.
As pessoas são belas, exóticas,
ímpares, populares, singulares. É gente com nome de ave, de fruta, de animal,
de comida e até de cor. É um que responde por Ganso, outro por Pinto. Até Galo
tem. Um Cara de Porco e outro Cocada. E as Marias? Uma é Peixe e a outra Lagoa.
De doce não só Cocada, mas Rapadura. Os homens, um é do abacaxi, o outro da
manga (e não só rosa). E ainda tem o Abacate. Oh terra boa, produtiva!
Tem até cores que se misturam com gente ou
gente que se misturam com cores. Uma que é Branca enquanto o outro é azul.
E os transeuntes? Um vem do
Campineiro com sua Maria da Cruz rezando ‘pro’ Bom Jesus, pra quando chegar no
Canto de Pedra pescar uma Piaba com uma Malhadinha na Lagoinha ou na Lagoa do
Meio para servir de ‘mistura’ com uns Feijões cozinhado numa panela de Barros
retirado do Pé da Serra. Uns são elegantes, usam gravatas pensando em Gravatá e
quando chegam no Campo Alegre ficam todos sorridentes por que chupam Pitombas
numa Baixa Verde debaixo de um pé de Jurema, curtindo uma Boa Vista de um
terreno Arisco próximo da Mata embaixo de uma Massaranduba. Mas na verdade na
Terra do abacaxi, Salgado é só o nome, por que as pessoas de Lagoa de Dentro
são doces, tem lá umas azedas, assim como quando chupam umas Pitombas de Gravatá
ou falam como Papagaio num campo de Milhã.
Enfim, Lagoa de Dentro é assim “um lugar bom
de se viver”, com seus “encantos mil” onde São Sebastião abençoou com as águas
da lagoa o seu povo, a sua gente!
Parabéns Lagoa de Dentro pela passagem dos 53 anos
de Emancipação Política.
Aldaberon Vieira
do Nascimento
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