Aldaberon Vieira do Nascimento
Professor de História no ensino fundamental
Professor do curso de Pedagogia do INTEPPB –
Instituto Teológico Pedagógico da Paraíba
No dia 20 de novembro o Brasil celebra o “Dia da Consciência Negra”. A data é uma homenagem ao líder Zumbi, morto em 20 de novembro de 1695 no nordeste brasileiro nas terras, hoje pertencentes ao Estado de Alagoas. Zumbi dos Palmares como ficou conhecido pelo movimento escravista brasileiro foi um grande lutador e defensor da liberdade dos negros que eram mantidos escravos nas fazendas de café e nos canaviais do país. Zumbi morreu lutando pelo direito à liberdade aos negros no Brasil.
A liberdade veio, porém o ponto de vista de muitas pessoas sobre esse grupo social que soma aproximadamente 97 milhões de pessoas e que equivale a um crescimento de 2,5% na última década, segundo dados do IBGE de 2010, nos permite uma análise criteriosa. Numa população fruto de uma miscigenação, ainda é muito forte a discriminação aos afrodescendentes. Mesmo considerando que a lei 7.716/89 pune os indivíduos que realçam qualquer tipo de preconceito contra raça, muitos afrodescendentes se omitem em denunciar os abusos e outros manifestam medo ou receio ao serem agredidos, pela impunidade dos racistas ou por não acreditar na lei. E isso torna o racismo mais evidente na sociedade.
Contudo, se a população brasileira é resultado de uma mistura de raças, por que uma grande parcela dessa população não se aceita negra? A colonização ocorrida no Brasil no século XVI mantendo os negros trazidos da África como mercadorias e tratados como simples mão de obra nos ajuda a responder a esse questionamento. Além dos diversos aspectos negativos observados no continente africano no decorrer dos últimos séculos e que permeiam nesse início do século XXI: miséria, alto índice de infectados pelo vírus HIV (vírus da Aids) entre outros. Mas pensar o ser humano por essa lente não justifica o preconceito nem torna um grupo social/racial melhor ou pior que o outro.
A criação da Lei do Racismo, a Lei 10639/03 (consciência negra), programas como a SEPIR – Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, o projeto A Cor da Cultura, são ações de políticas públicas dentre várias outras que promovem mais humanidade entre a diversidade racial, étnica, nacional, religiosa etc., além de várias outras políticas, ações e gestos de grupos, instituições e pessoas físicas que mantém viva a luta de Zumbi dos Palmares.
Hoje, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB - institui o ensino de História afro no Currículo Escolar da Educação Básica para se fazer “reconhecer” a importância do grupo que construiu um país rico cultural e economicamente. As escolas têm o dever de desenvolver uma formação no indivíduo que o faça refletir e reconhecer que um terço do sangue que circula em suas veias é sangue negro e isso não o faz inferior ou que a cor da pele classifica um ser humano como bom ou ruim, melhor ou pior. Perante a lei de Deus e dos homens somos todos iguais e parafraseando Bel Santos: “... somos um monte de coisas...” Portanto se a formação do povo brasileiro é constituída de toda uma mistura de genes, é uma pena e torna o ser humano “pequeno” discriminar, criticar, menosprezar, satirizar, desconhecer, ridicularizar alguém que é peça fundamental da constituição da população de uma nação rica na diversidade cultural, étnica, uma nação ímpar que se faz plural.
Portanto, celebrar a Consciência Negra significa respeitar o próximo, respeitar as diferenças, aceitar-se (também) negro. É uma pena que haja leis e projetos para discutir racismo quando o ser humano é único e torna-se ignorante por discriminar seu próximo. Essas leis deveriam existir para garantir mais qualidade de vida à população, por que ter uma grande parcela da população passando fome, desempregada, sem segurança, doente, analfabeta, isso, sim é um grande motivo para se ter vergonha. Chega de preconceito! Faça-se valer a condição de ser humano. Axé.
FONTES:
A Cor da Cultura, Cadernos de textos- Saberes e fazeres. Modos de Ver 1.
Jornal Mundo Jovem, dezembro de 2011
http://www.midiaindependente.org (acessado em 18 de novembro de 2011)
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