Uma abordagem historiográfica sobre empobrecimento da cultura popular e tradições folclóricas na cidade de Lagoa de Dentro - PB.
Ao pensar em escolher um tema que pudesse assemelhar-se ao modo de vida atual da cidade de Lagoa de Dentro, resolvi escrever sobre o eixo cultural e suas vertentes, tentando esmiuçar da forma mais resumida possível o processo de degradação cultural que vem passando nossa cidade.
O termo cultura abrange várias áreas da vida do ser humano, seja no âmbito natural ou social, e a cultura sendo um meio original do homem adaptar-se no mundo em que vive, abrangeria diversos segmentos da vida: savoir-faire, conhecimentos técnicos, costumes relativos a roupas e alimentos, religião, mentalidade, valores, língua, símbolos, comportamento sócio-político e econômico, etc. Por abranger o conjunto de crenças, valores, técnicas e comportamentos, a cultura torna-se o meio de humanização do homem, meio esse que possibilita a configuração da identidade, fortalecendo a individuação e a auto-estima diante do outro. Sendo assim a cultura popular local ou regional, a culinária, o artesanato, o folclore, os idioletos e a paremiologia (ditados, provérbios, ditos e etc.), as lendas e os mitos, a poesia popular, a história oral, a vestuária quotidiana, a música popular, os instrumentos musicais específicos da região, as manifestações religiosas, as festas populares e etc., é tida como uma forma não só de afirmar a identidade brasileira, mas também como forma de conservar e recuperar a identidade cultural de todo país.
Seria até normal nos dias de hoje, acharmos que por fazermos parte de uma sociedade globalizada e “atual”, tornar-se-ia natural a substituição de tradições tão simplórias, mas na verdade as festas populares das quais fiz parte sempre deixaram uma marca de felicidade em minha vida, e tenho certeza que na vida de tantas centenas de pessoas. É triste imaginar que a cultura popular que fez parte da vida de um povo, uma identidade cultural, seja tida como morta, como herança do passado, e esquecendo que as festas e os folguedos folclóricos são realidades vivas, espontâneas. Na verdade, a população deveria assumir a herança de continuar dando vida às tradições, assumir o papel de repassar os costumes praticados por seus antepassados, como continuar as quadrilhas, as lapinhas, o boi de reis, o teatro com mamulengos, enfim todos os eventos culturais característicos da nossa região.
Deveríamos pensar não como os racionalistas, que consideram o folclore como algo supersticioso e alimentado pela ignorância popular, mas deveríamos pensar como os folcloristas que sempre põe o folclore popular como divertido, charmoso, ingênuo e poético, passando o primitivo a ser considerado como testemunho da tradição, fonte de hábitos, um museu de antiguidades, com imenso e incomensurável valor cultural.
Porém, diante do lamentável prognóstico do empobrecimento cultural de nossa cidade, hora de analisarmos profundamente como podemos resgatar datas e eventos tão marcantes, festas e tradições que eram tidos como traços tão importantes da nossa identidade cultural. Um povo pobre de verdade é um povo sem cultura
Daniele Brito
Graduada em História pela UEPB
Fonte para pesquisa:
MARINHO, Marcelo; KASHIMOTO, Emília Mariko; RUSSEFF, Ivan. Cultura, Identidade e Desenvolvimento Local: conceitos e perspectivas para regiões em desenvolvimento. INTERAÇÕES - Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 3, N. 4, Mar. 2002. Disponível em:http://www3.ucdb.br/mestrados/RevistaInterações/n4_marcelo.pdf. Acessado em 11,15 e 16 de outubro.
Comentários
Sabemos que a cultura está em contínua transformção e é influenciada fortemente pela mídia.Mas você está correta em afirmar que a força de um povo está em sua cultura e isso é algo muito particular(embora faça parte de um todo, a cultura Nordestina ou a cultura brasileira),mas cada cidade tem sua própria expressão cultural.
Portanto,está em nossas mãos,jovens,crianças e adultos de nossa cidade cuidar para que nossas raizes culturais não se percam e até mostrá-las ao estrangeiro ou visitante com orgulho.
Ser cidadão do mundo é apreciar a cultura do mundo,mas principalmente, a nossa primeiramente.
Fabiano Amorim
professor da rede pública de ensino e estudante de Direito