Podemos definir
trabalho como qualquer atividade física ou intelectual, realizada por ser
humano, cujo objetivo é fazer, transformar ou obter algo.
No
capitalismo, o trabalho cria riquezas, pois o trabalhador é pago para produzir
bens e serviços, os quais são usufruídos pela empresa que comercializa o fruto
desse trabalho com toda a sociedade e obtém lucro.
Por
esse trabalho, o obreiro recebe um salário, que, de acordo com o artigo 7º,
inciso IV, da Constituição Federal de 1988, deve atender às suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. De acordo com o
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o
salário mínimo capaz de atender a todas essas necessidades determinadas na
Constituição Federal Brasileira deveria ser hoje de R$ 2.349,26, para uma
família de quatro pessoas. O salário mínimo atual é de R$622,00, ou, seja,
incapaz de suprir as necessidades básicas, constitucionalmente determinadas, de
uma família de quatro pessoas. Sem falar ainda que muitas empresas, nas áreas
pouco fiscalizadas do país não pagam sequer o salário mínimo atual.
O
trabalho sempre fez parte da vida dos seres humanos. Foi através dele que as
civilizações conseguiram se desenvolver e alcançar o nível atual. O trabalho
gera conhecimentos, riquezas materiais, satisfação pessoal e desenvolvimento econômico. Por isso
ele é e sempre foi muito valorizado em todas as sociedades.
Porém,
na antiguidade clássica, mais precisamente Grécia e Roma, o trabalho era
reservado aos escravos, pois era tido como função de pessoas não livres. No
entanto, o uso de escravos tinha até mesmo uma grande importância social ao
conceder mais tempo para que os homens livres, geralmente das classes mais
ricas, tivessem tempo para participar das assembleias, dos debates políticos,
filosofar e produzir obras de arte. Eram sociedades baseadas na crença da
desigualdade entre os homens. As leis eram feitas para atender essa crença.
Hoje, essa ideia mudou. Todos são iguais perante a lei. Essa é a mensagem de
quase todas as Constituições do mundo e também da Constituição Brasileira em
seu artigo 5º, Caput.
O
trabalho é considerado tão importante que foi criado um dia mundial para
comemorá-lo. Mas quando e por que foi instituído esse dia?
O
Dia do Trabalho é comemorado em 1º de maio. No Brasil e em vários países do
mundo é um feriado nacional, dedicado a festas, manifestações, passeatas,
exposições e eventos reivindicatórios. Os trabalhadores e seus sindicatos vão
às ruas lembrar que a riqueza produzida por eles é que permite o
desenvolvimento do mundo e que, por isso, devem ser mais valorizados, com
salários melhores e proteção contra doenças e acidentes do trabalho.
A
História do Dia do Trabalho remonta ao ano de 1886 (século XIX) na
industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos). No dia 1º de maio daquele
ano, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de
trabalho, entre elas, a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas
diárias. Houve uma greve geral que paralisou a produção no país.
Dois
dias depois, um conflito envolvendo policiais e trabalhadores provocou a morte
de alguns manifestantes. Os trabalhadores se revoltaram e entraram em confronto
com a polícia. No dia 4 de maio, nas ruas, manifestantes atiraram uma bomba nos
policiais. Sete deles morreram. A polícia começou a atirar nos manifestantes
descontroladamente. Neste conflito doze trabalhadores morreram e dezenas
ficaram feridos. Foi um dia sangrento nas lutas por melhores condições de
trabalho.
Para
lembrarmos sempre desse dia de luta, a Internacional Socialista- órgão criado
por um grupo de vários partidos
políticos- reunida na capital francesa, Paris, instituiu em 20 de junho de 1889
o dia 1º de maio como o Dia Mundial do Trabalho.
Aqui
no Brasil existem relatos de que a data é comemorada desde o ano de 1895.
Porém, foi somente em setembro de 1925 que esta data tornou-se oficial, por um
decreto do presidente Artur Bernardes.
No
dia 1º de maio de 1940, o presidente Getúlio Vargas instituiu o salário mínimo.
Já em 1º de maio de 1941 foi criada a Justiça do Trabalho, destinada a resolver
questões judiciais relacionadas, especificamente, as relações de trabalho e aos
direitos dos trabalhadores. A CLT, Consolidação das Leis Trabalhistas surgiu
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, sancionada pelo então
presidente Getúlio Vargas, unificando toda legislação trabalhista existente no
Brasil.
Como
se nota, essa data passou a balizar todas as decisões importantes relacionadas
aos direitos dos trabalhadores no mundo inteiro. O 1º de maio é um símbolo da
luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e de vida. E assim
foi com cada direito hoje existente nas legislações do mundo e do Brasil. Nenhum direito veio de graça.
Muitos trabalhadores morreram para tê-los hoje reconhecidos na lei e para
garantir o cumprimento desses direitos foi criada uma justiça especializada: A
Justiça do Trabalho.
Porém,
essas leis nem sempre são cumpridas. Hoje é o maior ilícito civil do país, o
descumprimento das leis trabalhistas. A exploração do homem pelo homem continua
ainda muito viva em nossa sociedade. E os trabalhadores com pouca ou nenhuma
qualificação são os que mais sofrem. Simplesmente, eles não têm outra
alternativa, senão aceitar todas as condições de trabalho impostas pelo
empregador, sendo que muitas vezes seus direitos trabalhistas são completamente
violados nessa relação. É pegar ou largar. Ter acesso a uma renda mínima ou não
ter nada. Há pouca margem de escolha para esses trabalhadores.
No
Brasil atualmente, estima-se que haja cerca de 25 mil trabalhadores em situação
análoga a de escravo. Eles trabalham geralmente em grandes fazendas do país,
longe de suas residências e familiares, sem ganhar quase nada. Não podem deixar
esses locais, sem antes pagar as dívidas contraídas no armazém da fazenda com a
compra de comida e equipamentos de trabalho, a qual é praticamente impagável,
por receberem baixos salários. São vigiados por seguranças e vivem em barracas
sujas, sem banheiro, tomando água de córregos, dormem em camas de varas ou
redes, no mais completo abandono e sem nenhuma higiene pessoal. Uma vida de
servidão, portanto!
O
trabalho escravo também é encontrado nas cidades. Operações de fiscalização
promovidas pelo Ministério do Trabalho encontraram em São Paulo duas oficinas
onde 15 imigrantes bolivianos trabalhavam em más condições, fazendo jornadas de
até 16 horas diárias e recebendo menos de um salário mínimo por mês. Esses
trabalhos eram realizados em estreitas salas de costura, sem nenhuma
ventilação, lotadas de trabalhadores e equipamentos produzindo peças de roupas de
grifes famosas.
O
trabalho dignifica o homem. Ele é essencial para a realização de uma vida
plena, produtiva e feliz. Com os
frutos do trabalho, os seres humanos podem usufruir das riquezas que a
sociedade produz, para viver mais e melhor.
No
entanto, o trabalho não pode ser só sofrimento, que nos tire apenas suor e
forças e não nos dê quase nada em troca. Isso porque dessa troca dependemos
para viver. Ninguém tem o direito de nos tomar o trabalho e enriquecer com ele,
enquanto nós morremos a cada dia, apenas olhando aquele usufruir dos bens da
vida. Todos nós somos iguais perante a lei dos homens e a lei divina. Por
natureza somos iguais. Precisamos todos de alimentação, moradia, saúde,
educação, lazer... Sem isso ficamos cada vez menor, mais distante da espécie
digna de SER humano.
Um
dia um poeta escreveu: [...]”Um homem se humilha se castram seu sonho, seu
sonho é sua vida e vida é trabalho...E sem o seu trabalho, o homem não tem
honra. E sem a sua honra, se morre, se mata[...]”.
Muitos
morreram lutando por melhores condições de trabalho até hoje. E muitos, pela
falta de oportunidade, baixa escolaridade e pobreza de suas regiões continuam
morrendo a cada dia em uma situação em que trabalham, mas não prosperam. São
apenas explorados. E muitas vezes, isso ocorre porque seus direitos ficaram no
bolso de alguém.
Dito
isso, lembremos que empregados e empregadores são partes do mesmo sistema, o
capitalismo, que gera riquezas sim, mas é perverso na distribuição dessa
riqueza. Por isso, nessa relação entrou o Estado, com as leis, para facilitar
que um lado cresça e prospere e para evitar que o outro lado se diminua e
morra. O trabalho deve beneficiar a todos: empregadores, empregados e sociedade
em geral! Uma sociedade mais igualitária é uma sociedade mais feliz!
Fabiano Soares de Amorim.
Graduado em Direito pela UEPB_ Campus III Guarabira.
Graduado em Letras/Inglês pela UEPB_ Campus III Guarabira.
Professor de Inglês nas redes Estadual e Municipal de ensino no município
de Lagoa de Dentro-PB.
Presidente do Conselho do Fundeb no município de Lagoa de Dentro-PB
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Carlos Isaac