A realidade da Estratégia Saúde da Família nos municípios do interior

               Considero muito boa a formulação das propostas para a Estratégia Saúde da Família, mas conhecida como os PSFs.  Entretanto, de acordo com os comentários que ouvimos com frequência, alguns profissionais não têm o perfil para essa função e não cumprem a potencialidade que seus papéis deveriam cumprir. Vale ressaltar que em muitos casos há boa vontade por parte dos profissionais, mas não contam com o apoio da gestão municipal. Esta, muitas vezes, não apoia trabalhos que não sejam o simples atendimento ambulatorial, deixando de fornecer estrutura de trabalho, desvalorizando as ações preventivas e de promoção à saúde.

                Outra realidade é a dificuldade de contratar profissionais médicos para atuar nos municípios do interior, pois em muitas cidades a intervenção política partidária constante prejudica o atendimento dos profissionais com o número de consultas excessivas, dificuldade no atendimento de pessoas que não são do mesmo grupo político, ou quando se procura marcar um exame ou consultas especializadas há uma demora significativa, escassez na oferta de medicamentos da Farmácia Básica, como também as dificuldades que os profissionais têm de encaminhar casos graves para a atenção terciária, etc.

                 Mas vale ressaltar que em meio a todas essas dificuldades  Estratégia Saúde da Família tem sido de grande relevância para a população. Acredito que houve um avanço, sim, nessa questão, mais ainda estamos longe desse modelo que é ESPETACULAR no papel. Os avanços são lentos, mas já podemos comemorar a redução da mortalidade infantil, ampliação do acesso às medidas de promoção e prevenção, garantia ao pré-natal, citológico, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança, atendimento odontológico, entre outros serviços.

               Mesmo assim, observamos que a estratégia de trabalho do PSF em geral, tem esbarrado em algumas falhas, comprometendo a continuidade da Atenção. Apesar dos empecilhos, o programa continua caminhando no sentido de desenvolver ações no âmbito da atenção básica, através da prevenção e da intervenção sobre os fatores de riscos, visando melhores condições de vida e de saúde. A participação dos profissionais de saúde e dos gestores tem sido relevante, disponível a promover ações de beneficio à saúde e o bem estar da comunidade, além de melhorias na qualidade dos serviços prestados a população.

Eliane Santiago

Especialização em Saúde Pública pela FACISA